quarta-feira, 24 de junho de 2020

CAPÍTULO 18

CAPÍTULO 18




Nestes quase trinta anos experimentando a busca por minha alma gêmea, só tive dois sonhos com ela e muito mais dúvidas do que certezas, muito mais questionamentos do que respostas, todas as mulheres que julguei fossem a minha alma gêmea, não passaram de amores platônicos. Mas uma coisa vem crescendo dentro de mim durante todo este tempo, a certeza de que se ela existe de fato é que não poderia ser diferente mesmo, pois “O que muito vale, muito custa”, segundo Padre Gernamo em suas memórias captadas pela médium Amália Dominguo y Soler em 1891 que formou livro As Memórias do Padre Germano.

Daí o desejo de escrever este livro para demonstrar que o encontro com a nossa alma gêmea é apenas o primeiro passo para a nossa união, que entre o primeiro encontro e a união definitiva há muitos degraus, muitas fases e muitas lutas!
Gostaria de mostrar aos meus leitores que estamos todos no mesmo barco, de mostrar ainda que não existem privilégios, que todo prêmio vem depois de empreendermos muitos esforços, estudos, pesquisas com muita perseverança e fé. Assim como tudo na vida, o que muito vale, muito custa. Mas podemos nos ajudar mutuamente, sem transferir as nossas responsabilidades e nem o acervo de nossas expiações, pois nossas conquistas só dependem de nós mesmos e ninguém poderá fazer isso por nós.

Para termos uma ideia de nossa fragilidade, a médium Yvone do Amaral Pereira que psicografou a trilogia Nas Voragens do Pecado, O Cavaleiro de Numiers e O Drama da Bretanha (pelo espírito Charles) passou uma encarnação inteira sem a companhia de sua alma gêmea e quando finalmente teve a chance de encontrá-la, vejam o que aconteceu pelas próprias palavras dela em seu livro autobiográfico Recordações da Mediunidade:

“Era um Espírito caprichoso, que gostava de exigir o máximo das minhas faculdades mediúnicas; e sua ação nos casos de manifestações de Espíritos de suicidas em vários agrupamentos espíritas foi das mais belas e eficientes. Eu me adaptava de boamente às suas exigências, nele reconhecendo o amigo atraiçoado de outrora que, em troca de traição, me cercava de afetos, contribuindo, com a boa vontade do coração, para o meu soerguimento moral-espiritual nas lutas do presente. No dia 10 de Março de 1932, porém, despediu-se tristemente de mim e dos agrupamentos espíritas onde dava a sua assistência, afirmando que iria tratar da própria reencarnação... e nunca mais obtive notícias dele.(...)


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A história destes dois personagens Yvone e Roberto, apareceu em quase todos os romances mediúnicos psicografados pela médium, o encontro frustrado entre eles ocorreu no Brasil:

“Roberto contemplou-a tristemente (...) "Aí está! Reencarnada na Terra de Santa Cruz... onde palmilhará seu doloroso calvário de expiações... Vive agora fora dos ambientes que tanto amava!... desamparada pela ausência daqueles que tão devotadamente a estremeciam, mas cujos corações espezinhou com a mais cruel ingratidão! Leila desapareceu para sempre na voragem do pretérito!... Para o mundo terrestre será linda e graciosa criança, inocente e cândida como os anjos do céu! Perante a consciência dela própria, porém, e o julgamento da lei sacrossanta que infringiu, é grande infratora que cumprirá merecida pena, é a adúltera, a perjura, a infiel, blasfema e suicida, pois Leila foi também suicida, que renegoupais, esposo, filhos, a família, a honra, o dever, pelas funestas atrações das paixões inferiores”. (...) É assim sempre – exclamou tristemente –, não tem coragem para enfrentar-me... No entanto, pensa em mim e deseja voltar ao meu convívio...”.Yvonne teve oportunidade de saber da reencarnação de seu grande amor, um amor de várias reencarnações, chegando a se corresponder com ele, em Esperanto e orientá-lo, após a morte física. Ele nascera na Polônia. 
A história de Roberto esteve sempre entrelaçada à de Yvonne. Em Recordações da mediunidade percebemos os fortes laços que os uniu séculos a fio. Roberto foi Luiz de Narbone (Nas voragens do pecado ), Henri Numiers (O cavaleiro de Numiers) e Arthur de Guzman (O drama de Bretanha). A sua existência, no século 19, quando foi médico pesquisador do vírus causador da tuberculose, não está registrada em forma de romance. Há, porém, um pequeno volume, quase desconhecido do público, denominado Um caso de reencarnação - eu e Roberto de Canalejas (editora Associo Lorenz, 2004). Nessas poucas páginas Yvonne nos surpreende com o relato da reencarnação de Roberto, na Polônia, quando ela já em idade madura o localiza através de um grupo que trocava postais usando o esperanto (idioma que os espíritos utilizaram para ditar alguns de seus livros). Nesta narrativa comovente, a relação entre a médium e Roberto é detalhada, desvelada. Yvonne nos revela a presença de Roberto desde a sua infância, passando pela adolescência, quando a seguia como espírito, a despedida ao retornar à Terra, até o vínculo com um ‘desconhecido’ Z. P. (ela não revela o nome) que é o próprio Roberto, vivendo na Polônia distante. A transmutação do amor humano, carnal em amor espiritual, profundo, abrangente é para ela uma luta diária consigo mesma. O sofrimento ao sabê-lo encarnado, ao visitá-lo espiritualmente, sem poder vê-lo foi sua ‘prova de fogo’, que lhe exigiu renúncia extrema. Tanto conteúdo há nesse pequeno volume, ensinamentos e exemplos que nos mostram que o maior desafio para o ser humano é vencer a si mesmo, superar o passado e construir um futuro de luz. Imaginamos os ex-suicidas como pessoas com deficiências, alquebrados fisicamente, como ‘castigo’. Mas nem sempre é assim. Para o espírito os sofrimentos e limitações físicas nem sempre são as situações mais difíceis.”



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Como podemos ver as lutas são imensas até que a união definitiva aconteça. Temos mais um relato feito pela médium Yvone do A. Pereira em o livro Ressurreição e Vida quando uma de suas personagens principais diz no final do livro que a separação na vida terrena nas mais duras expiações a fizeram merecedora da união feliz e imortal com o seu grande e verdadeiro amor.





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