Um dos escritores espíritas que mais desenvolveu o tema Almas
Gêmeas, e que eu tenho maior interesse em ler, reler e ler outra vez, é
Emmanuel, mentor espiritual de Chico Xavier. Ele próprio, como senador
romano, Públio Lêntulo, que conheceu a sua própria alma gêmea, Lívia, na
época em que Jesus pisou seus santos pés neste planeta.
Neste livro, Públio Lêntulo, escreve um poema dedicado à Lívia. No momento em que há a separação destas duas almas gêmeas devido ao temperamento violento e agressivo de Públio, ocorre esta cena que sempre que leio, sou acometido de profunda emoção e choro convulsivamente: “Públio Lentulus, aproximando-se vagarosamente do aposento da esposa e colando o ouvido à porta, ouviu Lívia cantar em voz suave e mansa, ‘qual cotovia abandonada’, fazendo soar levemente as cordas harmoniosas de uma lira em suas lembranças mais queridas. Públio chorava, comovido, ouvindo-lhe as notas que se abafavam no ambiente restrito do quarto, de seu poema, como se Lívia estivesse cantando para si própria, adormentando o coração humilde e desprezado, para encher de consolo as horas tristes e desertas da noite.
(imagem de Emmanuel)
Neste livro, Públio Lêntulo, escreve um poema dedicado à Lívia. No momento em que há a separação destas duas almas gêmeas devido ao temperamento violento e agressivo de Públio, ocorre esta cena que sempre que leio, sou acometido de profunda emoção e choro convulsivamente: “Públio Lentulus, aproximando-se vagarosamente do aposento da esposa e colando o ouvido à porta, ouviu Lívia cantar em voz suave e mansa, ‘qual cotovia abandonada’, fazendo soar levemente as cordas harmoniosas de uma lira em suas lembranças mais queridas. Públio chorava, comovido, ouvindo-lhe as notas que se abafavam no ambiente restrito do quarto, de seu poema, como se Lívia estivesse cantando para si própria, adormentando o coração humilde e desprezado, para encher de consolo as horas tristes e desertas da noite.
Alma gêmea da minh’alma,
Flor de luz da minha vida,
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão!...
Chegaste devagarinho,
E encheste-me o coração.
Vinhas na bênção dos deuses,
Na divina claridade,
Tecer-me a felicidade
Em sorrisos de esplendor!...
És meu tesouro infinito,
Juro-te eterna aliança,
Porque sou tua esperança
Como és todo o meu amor!
Alma gêmea da minh’alma
Se eu te perder, algum dia,
Serei a escura agonia
Da saudade dos seus véus...
Se um dia me abandonares,
Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te, entre as flores
Da claridade dos céus...
-o-
”Daí a minutos, a voz harmoniosa calava, como se fora obrigada a um
divino estacato. O senador retirou-se, então, com os olhos marejados de
lágrimas, refletindo consigo mesmo: - ‘Sim, Lívia, de hoje a dois dias hei de
provar-te que foste sempre a lua da minha vida inteira... Beijarei teus pés com a
minha humildade agradecida e saberei entornar no teu coração o perfume do
meu arrependimento...’.” Porém, este desejo do senador não se concretizou,
pois nesta noite ainda, Lívia iria se encontrar com os cristãos nas Catacumbas
para orar e em seguida ser presa e jogada às feras no Circo Romano, sobre o
olhar do seu amado durante as festividades romanas, quando havia o
espetáculo sangrento dos cristãos serem jogados às feras esfomeadas para
serem devorados sobre cânticos de amor e perdão em seguida mergulharem
diretamente nos Reinos de Nosso Senhor!
(Imagem de uma catacumba romana)
Praticamente, em todos os seus cinco romances (Há dois mil anos,
Cinquenta anos depois, Ave Cristo, Renúncia e Paulo e Estevão), ele aborda o
tema Almas Gêmeas, e mais especificamente em O Consolador no capítulo
sobre O Amor, em que o assunto é mais aprofundado e mesmo depois de
questionado pela FEB em nota elaborada no fim da obra, ele rebate dizendo
que respeita profundamente a opinião louvável de Allan Kardec, mas ele não
quer dizer que “almas gêmeas” seja o mesmo que “metades eternas”, eis o
trecho que trata do assunto:
“Solicitando essa modificação, QUESTÃO 378 DO MESMO LIVRO
POR SE TRATAR DE OUTRO ASSUNTO, pediria a conservação do texto da
humilde exposição relativa à tese das "almas gêmeas”, ainda que, em
consciência, sejamos amigos da Casa de Ismael compelidos à apresentação de
uma ressalva, em obediência à lealdade de respeitável ponto de vista. A tese,
todavia, é mais complexa do que parece ao primeiro exame, e sugere mais
vasta meditação às tendências do século, no capítulo do "divorcismo" e do
"pansexualismo" que a ciência menos construtiva vem lançando nos espíritos,
mesmo porque, com a expressão "almas gêmeas" não desejamos dizer
"metades eternas", e ninguém, a rigor, pode estribar- se do enunciado para
desistir de veneráveis compromissos assumidos na escola redentora do mundo,
sob pena de aumentar os próprios débitos, com difíceis obrigações à frente da
Lei. No caso do Cristo (QUESTÃO TAMBÉM DO CONSOLADOR; QUAL
SERIA A ALMA GÊMEA DE JESUS?), devemos invocar toda a veneração
para o trato de sua personalidade divina, motivo pelo qual apenas tratei do
assunto com referência aos homens, para considerar que as uniões, em toda
vida, são orientadas por ascendentes de amor mais profundos que aqueles
entrosados nas humanas concepções, que se modificam na esteira evolutiva. Se
possível, eis o que me permito solicitar, renovando ao querido irmão o meu
agradecimento sincero e a minha afeição de todos os dias".
No livro Paulo e Estevão, Emmanuel, aborda o tema do amor entre
Paulo e Abigail e a passagem que mais me tocou foi quando ele raspa os
cabelos em sinal de fidelidade eterna ao amor de Abigail: “Despedindo-se da
cidade, teve o pensamento voltado para o pretérito, para as esperanças de
ventura terrestre que os anos haviam absorvido. Visitou os sítios onde Abigail e
o irmão haviam brincado na infância, saturou-se de recordações suaves e
inesquecíveis e, no porto de Cencréia, lembrando a partida da noiva bem amada, rapou a cabeça, renovando os votos de fidelidade eterna, consoante os
costumes populares da época.”
E no livro Renúncia do mesmo autor, há a história do espírito Pólux e
Alcíone, que eram almas gêmeas, mas que estavam separados por causa do
livre arbítrio, enquanto Alcíone escolheu seguir o Mestre Jesus, Pólux escolheu
errar pelo mundo de forma indefinida. Eis um dos trechos mais comoventes:
“Alcione contemplou-o embevecidamente, olhos mareados de pranto, numa
doce emoção de júbilo e reconhecimento. As afirmativas e promessas do amado penetravam-lhe o coração como brandas carícias. De há muito
trabalhava com fervor pela obtenção daquele minuto divino, em que Pólux
conseguisse compreender e sentir o Mestre no coração antes de interpretá-lo
intelectualmente, apenas.
— Jesus abençoará nossas esperanças — exclamou afetuosa.
— Nós que saímos juntos do mesmo sôpro de vida, chegaremos juntos aos
braços amoráveis do Eterno. Pólux soluçou convulsivamente. Esperar-te-ei —
disse ela —através dos caminhos do Infinito. Lutarei ao teu lado nos dias mais
ásperos, dar-te-ei as mãos sôbre os abismos tenebrosos.
Perdoaste-me, como sempre? interrogou Pólux, voz entrecortada pela emoção
do encontro.
— Os que se amam fundem as almas no entendimento recíproco. Deus perdoa,
concedendo-nos a oportunidade da redenção, e nós nos compreendemos uns
aos outros.”
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