Os anos foram se passando, sete anos pra ser mais preciso, e eu já
contava vinte e cinco anos, estava cursando a faculdade de Letras na UFRJ,
Português-Russo, morava com meu pai e minhas duas irmãs na Tijuca e o
desejo de encontrar com a minha alma gêmea continuava certamente. Nesta
época, eu já havia me tornado espírita e muitas coisas já me tinham sido
esclarecidas como as reencarnações, a lei de Causa e Efeito, a necessidade de
se fazer a reforma íntima, de fazermos a caridade e a ascendência moral e
espiritual que o Mestre Jesus exerce sobre todos nós neste planeta. E foi
durante este período que eu tive mais um sonho esclarecedor sobre a minha
alma gêmea.
Neste sonho, eu estava em uma sala de projeção de filmes junto com
duas amigas. E nesta tela passava um filme de amor entre duas almas gêmeas.
O casal havia se conhecido ainda criança e eles brincavam alegremente na casa
do menino, os pais deixavam as duas crianças brincarem livremente até a
exaustão e que eles dormissem juntos em um sofá, ele apenas de cuequinha e
ela de calcinha. Em um determinado momento a menina se engraçava
inocentemente para o menino e tocava-lhe os órgãos genitais, ele se levantava do sofá rapidamente e gritava com ela. Ela então, se arruma e vai embora, e
antes que a porta se fechasse, podíamos perceber as lágrimas escorrerem por
entre os olhos da menina.
Neste momento o filme acaba, as minhas colegas saem da sala de
projeção e vão embora e eu ficara naquela sala sozinho, olhando para a tela do
filme agora desligada e escura. E então fiquei me perguntando: “Acabou? Ora,
como poderia acabar um filme assim?! Cadê o casal?!” E foi então que
fenômeno singular aconteceu comigo dentro daquela atmosfera de sonhos, eu
fora sugado para dentro da tela do filme e passara para o outro lado. Fora
levado até a Praia da Urca, que no lado dos sonhos era linda, arborizada e cheia
de pais com seus filhos pequenos banhando-se nas águas serenas daquela
aprazível praia, um recanto paradisíaco sem ondas fortes que permitiam aos
pais darem instruções aos seus filhos sobre a vida e suas devidas lições. Em um
determinado momento, eu vi se aproximar da margem da praia, uma linda
menina de seus vinte anos aproximadamente e ela parecia chamar um lindo
rapaz com a idade similar à sua. E eles haviam se reconhecido, deram-se as
mãos e seguiram pela praia de mãos dadas felizes e contentes, e eu no
momento em que quis seguir-lhe os passos, um outra mão forte me impedira,
dizendo-me com acento suave e firme da voz a grande lição daquele sonho
maravilhoso e educativo: “Como você pode ver, André, o amor das almas
gêmeas é tão forte que nada poderá separá-las”, ainda naquele sonho, eu fora
levado por aquele anjo em pleno voo pelas ondas da praia, avistara gaivotas e
golfinhos e acordava com lufadas de ventos suaves sobre as nuvens a baterem
no meu rosto!
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