terça-feira, 23 de junho de 2020

Capítulo 5

 Dentre as leis naturais que precisam ser mais devidamente estudadas e aprofundadas estão as leis magnéticas envolvidas nesta união e as leis cármicas, ou leis de causalidade ou ainda de Causa e Efeito que envolvem o casal. Para este mister, podemos e devemos contar com a TVP – Terapia de Vidas Passadas, técnica esta já amplamente utilizada com grandes efeitos psicoterapêuticos sobre os pacientes que se submetem a elas. Porém, sobre as leis magnéticas envolvidas nestas uniões, não temos nada a respeito ainda. Sobre as leis magnéticas que regem estas uniões, podemos citar o empuxo espiritual, que é o primeiro instante da união entre as almas gêmeas! No livro Francisco de Assis, psicografado por João Nunes Maia pelo espírito Miramez, temos o relato sobre este primeiro encontro entre Francisco de Assis e a sua alma gêmea Irmã Clara. Vamos ao trecho do capítulo vinte - O Encontro Sublime - do referido livro: “Foi na Igreja de São Rufino o primeiro encontro espiritual de Clara com Francisco. Ele, naquela noite memorável, se dispusera a falar aos irmãos de Assis. Formosa, nos seus dezessete anos, ela era dona de altos sentimentos, que embelezavam e iluminavam a sua própria alma. Era dotada de candura inexplicável e sua formosura atraía os olhares, por ser sua beleza uma nesga por onde passavam as claridades espirituais. Seus olhos mostravam a quem os contemplasse, a existência do céu e, se não for demais comparar, pareciam duas estrelas, senão sóis, que prometiam a mais alta esperança aos sofredores e aos que se apaixonavam pelos mistérios. Seus cabelos pareciam luminosos, como que servindo de antenas da alma, que buscavam inspirações mais altas para falar aos homens, em todas as direções do entendimento. Clara era uma ave do céu a pousar na Terra, onde a ignorância se encadeava em todos os países, onde as próprias religiões manifestavam poderes extraordinários, formando guerras e levantando tribunais, cujos frutos eram o sofrimento e a depravação, em nome d'Aquele que era todo Amor e Perdão. Clara era uma flor da mais pura árvore da vida - a árvore do Amor. Francisco, vivendo na mesma cidade em que nasceu essa moça encantadora, a conhecia desde menina, pois também era de família abastada. Porém, o empuxo espiritual destes dois seres somente se deu, quando ele falava no templo de São Rufino. (…) Nas vibrações desta fala, Francisco identificou dois grandes olhos que o fitavam com ansiedade. Clara o olhava hipnotizada pela sua palavra eloquente e pela sua presença simples. As poucas palavras que dissera encadeavam-se em torrentes de esperanças para o coração daquela jovem deveras fascinante. Ao olhar para Clara, Francisco sentiu emoção diferente da que os jovens comumente, sentem ao avistar o primeiro amor. A emoção estava mesclada com o mais puro sentimento: aquele amor que desconhece o ciúme, no qual não há vaidade, onde não existe paixão, onde desaparece o egoísmo, não se pensa em orgulho, e não se fala em imposição. Clara estava ali como uma flor, ao encontro do sol, do vento e da água e quando notou que Francisco a fitava em demorada contemplação, esqueceu-se da vida, sentindo-se banhada por um sopro divino, envolvida pelo olhar que nunca mais esqueceu. Sua emoção espiritual transmutou-se em felicidade para Francisco de Assis, que deu continuidade ao seu sermão, com serenidade: -Minhas irmãs, meus irmãos em Jesus Cristo! Além de fazer a vontade destas almas de todos esses lugares que nos pedem para pregar o Evangelho em suas terras, vamos cumprir outro mandato que o próprio Evangelho nos pede e nos ensina em favor dos que sofrem e dos que choram. Ouvi do nosso querido Frei Luiz, que possui memória privilegiada, o registro de Paulo em sua primeira epístola a Timóteo, no capítulo quatro, versículo quatorze: Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concebido mediante profecia com a imposição das mãos de presbítero. Vamos impor as mãos nos enfermos, pedindo a Deus, para eles, a cura. Vamos impor as mãos nos endemoniados, para libertá-los das angústias. Vamos impor as mãos sobre os encarcerados, para que eles melhorem os corações e sobre os infortunados, para aliviar os seus fardos. É do agrado de Jesus Cristo que nos confraternizemos uns com os outros, amando os nossos semelhantes como a no mesmos e amando igualmente a Deus. A Comunidade de que fazemos parte tem o dever de levar a esperança aos sofredores, pão aos famintos, vestes aos nus, consolo aos encarcerados, o maior dever em Jesus Cristo de dar o exemplo de amor antes da palavra, caridade com obras, porque desta maneira poderemos comover os que estão nos palácios, fartos de tudo, mas, inquietos de consciência. Vamos amar! Temos de amar constantemente, sem nada exigir, para ver se comovemos os políticos, os teóricos religiosos e os ociosos da ciência, no que tange aos direitos humanos, ao nivelamento das criaturas de Deus. Temos de viver juntos com todos os infortunados, dia-a-dia, para que eles também passem a compreender a grande necessidade da educação, da veneração e da confiança em Deus. O orgulho no rico é esperado, mas no pobre é falta grave, porque a pobreza já é instrumento para que o pobre entenda o valor da verdadeira humildade. O egoísmo no rico é esperado, mas o pobre egoísta comete falta grave, porque a pobreza no sentido a que nos referimos, é para educá-lo nas linhas do desprendimento. Meus filhos, amamos a pobreza fielmente, mas não a inércia; amamos a pobreza, mas não a miséria nem a sujeira; amamos a pobreza, mas não a ignorância. Deus nos criou no seio da abundância de tudo o de que precisamos; contudo, na fase que atravessamos, devemos renunciar ao que sobra, repartir o que temos, doar o que vem a nossas mãos para os que sofrem e padecem em todos os rumos, para que Deus, no amanhã, nos coloque no paraíso, onde nada nos faltará, porque aprendemos a lição de Amor. Vamos começar por nossa casa. Nós que nascemos aqui nesta linda cidade de Assis, onde nos foi dada a luz, temos o direito a um teto, o direito de nos alimentar, beber, nos distrair, de viajar e de nos confraternizar entre famílias. Todavia, esse mesmo direito abre a nossa frente um extenso roteiro de deveres que, por vezes, nos esquecemos de cumprir: do trabalho honesto, da educação constante, da disciplina diária, do perdão incondicional, da amizade, do respeito às leis de Deus e dos homens, da paciência com os ignorantes... E ainda os deveres maiores de falar sem ferir, de ouvir o que não desejamos sem revolta, de pensar coisas nobres, de escrever páginas instintivas, de respeitar a natureza, de amar aos animais, de silenciar ante os males alheios... Se não for para observar essas regras, o que viemos fazer nesta Igreja? O que viemos fazer nesta comunidade onde se reúnem muitas criaturas em nome de Deus, de Cristo, e de nossa Mãe Maria Santíssima? O que vale decorarmos orações e mais orações neste templo de Deus, se ao sairmos daqui não toleramos uma pisada, uma agressão inimiga, um insulto dos que nos odeiam, um marido nervoso ou uma mulher desajustada, um filho depravado ou um parente que não nos tolera? Viemos aqui, meus filhos, para buscar forças, no sentido de restabelecer em nós a tranquilidade diante de todos os infortúnios, e vencer todos os obstáculos. Bem sabemos que a nossa natureza é animal, que os nossos instintos são inferiores e agressivos, e que essa educação somente deve partir de nós, pois os valores da alma, depois que Deus no-los deu, são conquistas do nosso próprio esforço de cada dia. Deus e Cristo nunca nos abandonaram, mas Eles não podem e não devem fazer o que a nós cabe realizar. Quem ler e entender o Evangelho em espírito e verdade, encontrará nele Deus e o céu, os Anjos e o próprio paraíso, tudo a nos esperar, aguardando que façamos a nossa parte, para recebermos o prêmio da felicidade. Nada existe desprezado no amor de Deus, que espera de nós a compreensão, e ainda nos dá meios de compreender. Vede a bondade de Deus na eternidade! Fez uma pausa, olhou para todos os assistentes, e tomou a encontrar os olhos de Clara fitando os seus. Sentiu o coração diferente e entendeu que aquela presença não era igual às outras. Existiam fios invisíveis interligando seus sentimentos senão os corações que pulsavam no mesmo ritmo. Era o Amor mais puro que se poderia pensar. Clara, naquele instante, sentiu que o mundo era pequeno para que pudesse trocado por aquele momento de felicidade. Encontrou ali o que procurava no imo d'alma. Aquele Francisco, filho de Bernardone, homem opulento, dos mais ricos de Assis, era um nobre que trocara a nobreza para sentir a humanidade, e viver sem família definida, tendo, em todos os lares, o seu próprio lar. Aureolado por cambiantes de luzes indescritíveis, Francisco tomou a falar, com bondade e carinho: - Queridos filhos espirituais!... Como é bom conviver convosco neste ambiente de fraternidade legítima! segurança de que preciso para as tarefas que me propôs Nosso Senhor Jesus Cristo. Peço a todos que me ouvis que, ao sairdes daqui, não vos mostrais desinteressados pela luz do coração. Procurai na sequência das horas, melhorar em todos os sentidos e anular o mal que ainda existe em cada um de nós, como princípio de ajuda ao Bem que deseja entrar em nossos corações. Se estamos acostumados a chegar em casa, altercando com os nossos familiares, que sejamos brandos ao falar e pacientes ao ouvir, nunca exigindo dos que ficaram sujeitos ao peso da vigilância de um lar. Procurai ajudar no que for possível, ao chegardes em vossas casas. Vossas consciências dirão o que deveis fazer para a própria tranquilidade e não queirais impor o que aqui ouvistes aos que aqui não estiveram. O melhor meio de ensinar é, pois, o exemplo. Se fordes empregados, procurai amar o patrão e ajudá-lo, porque ele de qualquer forma, está vos ajudando a viver. Se fordes patrões, não vos esqueçais dos vossos empregados, porque eles estão vos ajudando a manter o vosso padrão de vida. Vamos confiar mais em Deus e obedecer às Suas magnânimas leis. Se trabalharmos em favor do Bem, esse Bem virá ao nosso encontro, esta é a lei. Sou o mais necessitado de aprender, e aceito corrigendas daqueles que queiram me corrigir, pois quero aprender com Jesus. (…) A igreja de São Rufino, repleta, jamais vira tamanha emoção espiritual como daquela noite. Os que assistiram à fala de Francisco estavam com as almas elevadas esperança. O Evangelho de Jesus Cristo se mostrava como era, verdadeira porta Para a felicidade. Padre algum pregava os preceitos do Mestre como aquele frade, por sinal filho de Assis, homem destemido ante a Verdade e pacifista diante da ignorância. Francisco e seus companheiros saíram pelos fundos, mas o povo os cer abraçando e beijando aquele moço como que a um Anjo, que liberava em tomo de si algo de alegria e de paz para todos os sofredores. Daí a poucas horas, toda a cidade de Assis era sabedora da pregação do Evangelho proferida por um de seus filhos. De dentro da igreja, somente uma pessoa saiu sem procurar o pregador, Clara embargada de emoção, por ver e sentir tanta luz espiritual. Seus pensamentos buscavam em todas as direções o porquê daquela atração por aquele homem simples como as pombas e prudente no falar como as serpentes. Esquecendo-se de sua condição de nobreza saiu apressada, entrou em sua residência, trancou-se nos seus aposentos, e, jogando-se na cama, sobre alvos lençóis, chorou sem parar... Chorava de medo, chorava de saudades!... Chorava de amor, chorava de felicidade!... Chorava por sentir o encontro no seu caminho, e adormeceu, entregando-se aos braços dos anjos. Francisco e seus companheiros saíram em demanda do acampamento Em sua mente surgia, de vez em quando, a imagem de Clara com aqueles olhos da cor de verniz, cuja luz o fazia cismar em seus sentimentos. No silêncio que ninguém ousara quebrar, monologava com prazer: Senhor, por que essa criatura, me fita por dentro d 'alma e me acompanha sem que as distâncias a interrompam? Que Deus a abençoe onde estiver, e que a coloque em lugar onde a nossa Mãe Santíssima possa vigiá-la, com as suas bênçãos e o seu amor. Conheço Clara e sua distinta família, mas estou desconhecendo o destino do seu coração. Permite, Senhor, que seja na Tua paz, e na paz de Cristo.”


Irmão Sol Irmã Lua | Irmão sol irmã lua, São francisco de assis ...

(Imagem de Francisco de Assis e Irmã Clara retirada do
 filme Irmão Sol e Irmã Lua de Franco Zefirelli)

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